displicentia

Um pulso desligado do corpo. Batia aqui, agora bate lá. Agora não bate.  Do beijo súbito e retribuído ficaram as mágoas. Dos sorrisos de saudade nos reencontros, lágrimas. Dos sonhos de objetos flutuantes, ausência. A essência cumprimentou a mudança na porta. De saída. Olhou de fininho olhos antes tão zelosos, agora tão dissidentes. Ela, então, esvaiu lentamente. . . À espera de um olhar que pudesse dizer “somos eu e você. Aqui e agora”. Não teve. Não é.  O que não se sabia predizer, agora tem nome: .

Do caminho, sobraram as pedras. Não as que carregava consigo, mas as que insistiam em continuar. As saudavam, como eternas conhecidas. Aumentava o som, apertava os cadarços e se preparava para correr. Respirava fundo e partia. Adeus, pierres . Até amanhã. ... Droga.

Caetano grita no ouvido enquanto ela sussurra meu nome. Me implora pra ficar. "Me esquenta o coração. Não vai. Me ama." Caetano, urra mais que esse canto, meu amor. Não, Esotérico me quebra, Cae. Assim eu fico. Fico. Simulo. Finjo. Muda a melodia; aprofunda o canto. Pendura nos meus ombros, observa meus passos, olha por mim. O sussurro me dobra o coração enquanto o vinho esquenta. Caetano... ? [18/10]

Queima um cigarro inteiro, e não trago. Me sirvo um copo de café. Esfria. Não bebo. Acendo outro cigarro. Queimo os dedos, mas não trago. O tempo ensurdece. Um maço. Um bule inteiro. Um minuto passa.

Cada parte do rosto se contrai, anunciando o alvorecer da leveza. Os olhos morenos entregam morada. Fico. Objetos flutuam, suspiros sussurram; meu coração pousa no ar. O tempo para. As pintinhas formam uma coreografia que nem os pássaros mais regrados poderiam encenar. A luz do Sol ilumina a terra. Não sei se meus olhos sorriem ou se é meu peito que descansa. Sou dela. [Sou sua.]

O dia começa difícil; do abrir os olhos ao levantar - demasiadamente demorado. Levanto-me para tentar resolver algumas tormentas, mesmo sabendo que metade voltarão comigo, pois comigo estão. Eis que um senhor sentado ao meu lado,entre a impaciência adulta e a inquietação de sua criança interior, começa a medir em palmos tudo que se pode medir: cadeira, piso, sua própria perna. Curiosidade e alegria. Entre um ponto e umas lágrimas, existe esse senhor. Ainda bem.

Do alto da montanha, a primeira gota de saudade cai do Orun e molha a terra. A água doce e cristalina faz seu curso. Corre devagar, constante. Encontra a primeira pedra e vira cachoeira.

25 de abril de 2015 Era um fruto tão doce, De um sonho tão pequeno. Que encheu o coração de uma tal maneira, Que não sobraram advérbios de intensidade. *** 19 de agosto de 2015 Dos cabelos caídos nos ombros (e nas costas e no meu colo) aos olhos amendoados e doces dos muitos metros de corpo. *** 13 de janeiro de 2016 Isso não é um poema Que indescritível sensação de olhar seu corpo delicadamente deitado na cama, com o cabelo encaracoladamente perfeito - quanto maior, melhor. Como um vento frio - que me esquenta - passando por mim, me deixando leve, em êxtase. Que indescritível sensação essa de poder te amar - tão infinitamente. *** Tem laço que vira nó. Tem amor que vira amigo e saudade que vira carinho. Mas as canções que eu fiz pra você não viram; crescem. Tomam conta de cada espaço vazio. e invadem com propriedade. Tecem ninho em mim-mar. *** Nem o céu é limite pra passarinho.